O que vivi e aprendi em 15 anos de assessoria de imprensa no turismo

No último dia 4 de janeiro, completei 15 anos de assessoria de imprensa - e também de Assimptur. Sempre que vou comentar minha vida profissional, uso aquele clichê que quem está no turismo já usou ou ouviu: o “bichinho das viagens” me pegou logo no primeiro estágio, no segundo ano da faculdade. Porque, afinal, quem não gostaria de viver viajando e, de quebra, escrever sobre isso?

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Eliria Buso

1/22/20254 min ler

No último dia 4 de janeiro, completei 15 anos de assessoria de imprensa - e também de Assimptur. Sempre que vou comentar minha vida profissional, uso aquele clichê que quem está no turismo já usou ou ouviu: o “bichinho das viagens” me pegou logo no primeiro estágio, no segundo ano da faculdade. Porque, afinal, quem não gostaria de viver viajando e, de quebra, escrever sobre isso?

Mas, apesar de hoje circular entre “os dois lados do balcão” - há 11 anos criamos uma divisão editorial e produzimos conteúdo para a Qual Viagem e outros veículos do trade - meu começo no turismo se deu em assessoria de imprensa. E até hoje permaneço aqui.

Se antes eu não sabia direito como explicar para a família o que realmente faz um assessor de imprensa, hoje talvez eu tenha um pouco mais de certeza das minhas funções. Digo talvez porque muito - ou quase tudo - mudou nos últimos 15 anos. Nosso trabalho, assim como o jornalismo em geral, segue tentando se adaptar às mudanças constantes e cada vez mais rápidas da comunicação.

2010 - 2025: o que mudou?

Lá em 2010, quando comecei a estagiar na Assimptur, o clipping era ainda em boa parte feito com recortes de jornal sendo escaneados. Pasmem, tive até que aprender a usar um fax (tecnologia que continua sendo um mistério para essa millennial aqui) para receber uma publicação veiculada do outro lado do país!


O follow, que hoje passou boa parte para o WhatsApp (rendendo boas polêmicas no LinkedIn), durava um dia inteiro e rendia respostas mal-educadas ou chamadas de atenção por parte de editores mais experientes.


Os releases eram impressos para entregar em eventos; e também eram distribuídos em mailings enormes (sério, mais de 3 mil emails!). E, com o passar dos anos, deixaram cada vez mais de ser um instrumento de pauta para serem usados na integra.


Muito mudou, mas muito também continua igual. O que percebemos é que os contatos são o grande lance da assessoria de imprensa. No turismo, as viagens com os jornalistas (as desejadas press trips) são um dos momentos mais importantes para aproximação com aquele editor que é difícil de falar por email, por exemplo. Mas isso é chover no molhado, não?

Sabemos que é preciso nos comunicarmos para comunicar os nossos clientes. É preciso ter parceria, compreensão e uma boa dose de jogo de cintura para equilibrar as expectativas de ambos os lados. Afinal, estamos falando de pessoas, com suas individualidades, seus prazos e suas necessidades. E é nesse "malabarismo" que reside a arte da assessoria de imprensa: construir pontes, traduzir linguagens e, acima de tudo, gerar resultados.

Mas como garantir que essas pontes permaneçam sólidas e eficientes num mundo em constante transformação? Observando o cenário atual - e porque não o passado? - assim como as tendências que se desenham, podemos traçar alguns caminhos para o futuro da assessoria de imprensa. E acreditem, o futuro já está batendo na nossa porta!

Coisas que aprendi nesses 15 anos de assessoria de imprensa


  1. Nem sempre o cliente entende seu trabalho de fato, mesmo depois de uma apresentação detalhada do projeto, e você terá que reforçar isso algumas vezes durante o contrato;

  2. Seu nome não vai sair na publicação, mas você vai reconhecer seu trabalho ali e sentir tanto orgulho quanto uma capa assinada;

  3. Entra ano, sai ano, redacienses e agencianos terão um novo embate sobre essa relação de trabalho que é o puro suco do caos (follow por WhatsApp, releases demais nas caixas de email, entrevista por email, contato direto com a fonte…o que não falta é tema para debate - segurem suas cadeiras!)

  4. Sempre vai surgir uma ferramenta nova que o “mercado” dirá que vai acabar com seu trabalho, mas na verdade se você se dedicar a aprendê-la e usá-la em seu benefício, poderão coexistir pacificamente;

  5. Equilibrar as expectativas dos clientes com as demandas da imprensa pode lhe tirar algumas horas de sono;

  6. Existem bons influenciadores e eles vão te dar tanto - ou mais - retorno do que uma mídia tradicional;

  7. Publicação impressa ainda ganha o coração dos clientes;

  8. Nem sempre uma boa pauta vai emplacar do jeito que gostaríamos;

  9. Continuidade é essencial para um plano de comunicação efetivo;

  10. Pauta exclusiva é EXCLUSIVA e deve ser bem trabalhada;

  11. Mailings atualizados e bem construídos são essenciais;

  12. Demandas urgentes de imprensa podem virar uma pauta derrubada em instantes;

  13. Timing vale muito;

  14. Ouvir o que o jornalista de redação tem a dizer também;

  15. Sim, o assessor de imprensa também é jornalista!

O que vem por aí? Tendências de assessoria de imprensa para 2025

Longe de mim achar que esses 15 anos de trabalho em assessoria de imprensa já me dão bagagem suficiente para ser uma lançadora de tendências. Mas aqui vão alguns movimentos de mercado que tenho observado - seja nos debates do LinkedIn, seja no bate-papo da sala de imprensa pós-WTM, ou no fim de uma programação de press trip quando o assunto “e o jornalismo, hein?” sempre surge:


  1. Prioridade na personalização

O foco passa a ser a criação de conteúdos e abordagens customizadas, com mensagens direcionadas às necessidades específicas de públicos e veículos de comunicação.

  1. Fortalecimento do storytelling

O uso de narrativas autênticas e relevantes ganha espaço como estratégia para criar conexões emocionais e transmitir mensagens de forma mais impactante.

  1. Integração entre canais e estratégias

A comunicação omnichannel, que combina plataformas digitais e tradicionais, permite interações fluídas e consistentes com o público.

  1. Foco na qualidade de conteúdo

Em um ambiente de excesso de informações, os materiais que agregam valor e são relevantes para o público ganham destaque.

  1. Valorização da transparência e ética

As demandas por práticas transparentes e responsabilidade na comunicação tornam-se fundamentais para estabelecer confiança e evitar crises de reputação.

  1. Adaptação às mudanças no consumo de mídia

A busca por engajamento nas novas plataformas e o fortalecimento de relações com veículos tradicionais e digitais serão cruciais para manter relevância.

  1. Adoção massiva de inteligência artificial

Ferramentas de IA estão se consolidando como recursos estratégicos para automatizar processos, personalizar mensagens e analisar dados com maior precisão, permitindo decisões baseadas em evidências. (Só não vale escrever o release inteiro e nem revisar, combinado?)